Já sabemos que o esporte modifica o nosso organismo, causando adaptações metabólicas, hormonais e neuromusculares. Sabemos também que a prática de exercícios físicos pode auxiliar na qualidade de vida do ser humano, desde que sejam respeitados alguns princípios.
O treino deve ser modificado conforme a necessidade e objetivo do atleta, já que uma relação inadequada de volume e intensidade pode levar a uma situação indesejada de estresse corporal excessivo.
E isso ninguém quer, certo?
Entre os hormônios liberados durante o estresse está o cortisol, que é o glicocorticóide mais potente produzido no córtex da glândula supra-renal. Em decorrência disso surgem alguns sintomas, dentre eles:
Atenua ações de células do sistema imunológico e das células inflamatórias, gerando uma imunossupressão;
Diminui a formação óssea;
Age como um antagonista fisiológico da insulina, promovendo a quebra das moléculas de carboidratos, lipídeos e proteínas, mobilizando as reservas energéticas;
Aumenta a glicemia e a produção de glicogênio pelo fígado;
Aumenta a pressão arterial.
Essas funções são a base das consequências fisiológicas do estresse crônico, podendo gerar uma perda muscular (oh no!) e hiperglicemia, além de suprimir as respostas inflamatórias e imunes.
O efeito depressivo do sistema imune inicia de 3-24horas após o exercício, dependendo da intensidade e duração.
Cadore observou em seu estudo que houve um aumento significativo de cortisol nos treinos de maior volume (exercício contínuo, prolongado), diferentemente dos treinos de força e que se deve levar em consideração também a idade do atleta, pois a resposta do cortisol salivar após exercícios de resistência na água foram maiores em jovens do que em idosos, dado que os jovens realizam o exercício físico com uma carga fisiológica maior.
Conseguimos perceber que o exercício em excesso e constante altera de forma crônica a função imune e ai surge a teoria do “OPEN WINDOW”, que é que a queda das nossas defesas por um período de 1-9horas após o overtraining.
Podemos usar como exemplos atletas de “endurance” que tem treinos longos e desgastantes, diariamente.
Mas e onde o cirurgião-dentista entra nessa história?
Os cirurgiões-dentistas conseguem auxiliar para que o atleta volte logo aos treinos ou aumente seu rendimento, visto que qualquer distúrbio na saúde oral pode prejudicar seu desempenho. Como?
Atletas com inflamações ou infecções bucais apresentam uma cicatrização e cura mais lenta, uma diminuição da capacidade aeróbica, dores de cabeça e fadiga precoce. No caso de lesões musculares, a dificuldade de recuperação e a ocorrência tornam-se mais frequentes.
Bem como, a queda na imunidade do atleta pode agudizar algumas doenças, como a cárie, levando ao não aproveitamento do alimento ingerido pelo comprometimento na mastigação, provenientes das dores de dente.
Além disso, o estresse crônico aumenta de forma significativa a perda óssea, provocada pela doença periodontal (gengiva), que pode gerar inclusive a perda de dentes!
Referências:
CADORE, E.L et al. Fatores relacionados com as respostas da testosterona e do cortisol ao treinamento de força. Rev BrasMed Esporte. V. 14, n.1, p 74-78. Jan/Fev 2008.
CADORE, E.L et al. Salivary hormonal responses to diferente water-based exercise protocols in young and elderly man. Journal of Streght and Conditioning Research. V. 23, n.9, p 2965-2071. Dec 2009.
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Este artigo faz parte da coleção "Meninas da Odt do Esporte - 2019" . #1
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