Para aproveitar melhor este artigo veja esse gif aqui: HOCKEY/HÓQUEI
O traumatismo orofacial é um dos fenômenos que mais movem a Odontologia do Esporte. Pensando nisso, a atuação do cirurgião-dentista frente a esse evento é entendê-lo, antes de tudo, para que assim o profissional sugira estratégias preventivas eficazes.
“O cigarro causa câncer de pulmão”.
O reducionismo, que é essa filosofia de tentarmos estabelecer uma causa bem delimitada a um problema, infelizmente, não funciona para o traumatismo no esporte, concordam?
E é por isso que devemos pensar no traumatismo orofacial como um evento complexo, uma abordagem mais realista sobre o fato.
A justificativa para esse novo entendimento é que nós compreenderemos melhor o trauma se reconhecermos as interações que os padrões de risco possuem para chegar no resultado final: o traumatismo.
E quando falamos em padrões de risco, falamos de fatores intrínsecos ao atleta (biomecânicos, psicológicos, comportamentais...) e fatores extrínsecos (a modalidade esportiva, as condições do campo e do tempo, as regras da competição...).
Explicando: não basta acharmos que nesse GIF, por exemplo, o que aconteceu foi apenas um “taco na cara”. Devemos entender que o hóquei é uma modalidade que possui tacos e discos duros viajando a velocidades consideráveis (e que a pista de gelo contribui para isto); que a plateia vibra quando traumatismos acontecem; que o high-sticking (usar o taco acima da altura dos ombros do atleta) é uma penalidade, mas pouco ríspida na punição do atleta causador (que ficou fora do jogo por 4 minutos), que o atleta “vítima” não fazia uso de PB; e que, muitas vezes, eles retornam ao jogo depois dos traumatismos.. Enfim!
Devemos parar de considerar estes eventos como acidentes pontuais. Tudo isto fez parte da conjuntura para que isto acontecesse. Existem regularidades estáveis nesses momentos, e faz parte do nosso papel, observá-los.
Quando você percebe as várias nuances, é capaz de traçar estratégias para mitigar a chance dos traumatismos!
Ou seja, devemos aceitar a natureza dinâmica do esporte! Assim percebemos que tudo se relaciona e entendemos melhor como isso funciona, para então planejar protetores bucais e faciais com mais eficácia; educar atletas e equipe técnica com mais propriedade; defender (ainda mais) os equipamentos de proteção e possuir inúmeras razões para justificar a necessidade do nosso profissional em campo!
Este artigo faz parte da coleção "Meninas da Odt do Esporte - 2019" . #3
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