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  • Larissa Leci

Traumatismo Infantil no esporte


O traumatismo é definido como qualquer lesão ao órgão dental, de origem térmica, química ou física, de intensidade e gravidade variáveis e cuja magnitude supera a resistência encontrada nos tecidos ósseos e dentários.

Os traumas podem ocorrer em qualquer estágio de desenvolvimento do dente e em qualquer faixa etária, no entanto é mais prevalente em crianças, afetando, assim, dentição decídua e permanente.

A incidência de lesões traumáticas na população jovem aumentou significativamente nos últimos anos, sendo considerado um problema grave pela comunidade odontopediátrica quando comparado à cárie dentária, que apresentou uma redução dramática nas últimas décadas.

Os traumatismos dentários ganham proporções diferentes de acordo com o tipo e intensidade. Assim, as lesões traumáticas devem ser analisadas com cuidado não somente pelas consequências físicas, mas também pelo seu impacto na qualidade de vida das crianças em termos psicológicos, além do alto potencial de interferência negativa nas relações sociais.

Segundo alguns estudos uma maior participação das crianças em atividades esportivas tem contribuído para transformar o traumatismo dentário em um problema crescente em saúde pública.

Cada vez mais tem sido precoce a participação de atletas jovens na prática esportiva - principalmente de forma competitiva - com o intuito de futuramente se profissionalizarem, e quem sabe até defender o nome do país. A cada vitória brasileira; seja qual for a modalidade; crianças se fascinam pelo mundo esportivo. Para o esporte nacional é maravilhoso, contudo, para a maioria dessas crianças e adolescentes, pode não ser tão “legal” assim.

A maioria dos pais reconhece as vantagens da atividade física, e isso se reflete no aumento do número de meninos e meninas que praticam esportes regularmente. Contudo, pesquisas recentes revelaram uma crescente elevação nos números de injúrias orais sérias em crianças; mundialmente falando.


No período pré-escolar, que corresponde a idade de quatro a seis anos, a ocorrência do traumatismo é grande, e a principal causa são as quedas, em função de brincadeiras em que a faixa etária fica exposta. Já na faixa etária que compreende o período escolar e a pré-adolescência que vai dos seis aos doze anos, os traumatismos ocorrem em consequência de acidentes com bicicletas, patins, skates, quedas, colisões entre participantes, pancadas com objetos esportivos - como bolas - provocando na maioria das vezes fraturas dentais e lesões no lábio superior e no queixo.

Os dentes mais afetados pelos traumatismos dentários são os anteriores superiores, em especial os incisivos centrais pelo fato de se posicionarem na região frontal da face, estão, portanto, na direção do movimento corporal, tendendo a receber maior impacto que os demais dentes. Além disso, eles são um dos primeiros dentes a nascer, fato que os expõe a riscos na incidência do traumatismo. Seguem os incisivos laterais superiores e os incisivos centrais e laterais inferiores.

Entre os tipos de traumatismos mais comuns são luxações, Fraturas (esmalte, esmalte e dentina com ou sem envolvimento pulpar), avulsão e laceração em tecidos moles.

Existem alguns protocolos emergenciais que devem ser seguidos após o momento do acidente, antes do atendimento odontológico:

. Fratura: Quando há sangramento o primeiro passo é conter o sangramento com compressa de gazes. Ache o pedaço fraturado do dente (quando possível) e o guarde em um copo com soro fisiológico, leite ou na própria saliva e procure imediatamente o dentista. O profissional vai avaliar a melhor forma de tratamento.

. Avulsão: (Quando o dente sai totalmente da boca): Ache o dente e o segure pela coroa sem colocar a mão na raiz. Se o dente estiver sujo, lave-o rapidamente em água corrente - por 10 segundos - sem esfregar, se o dente for um dente permanente, recoloque-o no lugar, se for um dente decíduo (dente de leite) não faça isso, pois pode comprometer o dente permanente. Se não for possível recolocá-lo, mantenha seu dente em copo com leite ou com soro fisiológico, ou até mesmo na própria saliva e procure imediatamente o dentista, pois, quanto mais tempo passar, menores serão as chances do seu dente ser salvo.

. Laceração: A primeira providência a se tomar é tentar limpar bem o local, faça compressão do local com gases para estancar o sangramento, avalie o tamanho e profundidade do corte, se o corte for considerado o profundo, a criança deve ser encaminhada ao pronto atendimento para dar alguns pontinhos.

Existem outros tipos de traumatismos comuns, como luxações intrusivas, extrusivas e laterais. Nestes casos os procedimentos emergenciais são realizados por um cirurgião-dentista. Sendo necessário o encaminhamento urgente a um profissional.

O tipo de trauma, a idade da criança, estágio de desenvolvimento do dente, decíduo ou permanente, a intensidade e duração do impacto bem como o tempo decorrente entre o trauma e o atendimento são aspectos importantes a serem considerados durante o tratamento e avaliação do prognóstico do caso.

Lembre-se em todos os casos de traumatismo dental, quanto menor o tempo para o atendimento, maiores as chances de salvar o dente.

De todos os protocolos de atendimento, a prevenção continua sendo a melhor opção. Durante a prática esportiva, crianças e adolescentes de qualquer faixa etária devem utilizar rigorosamente equipamentos de proteção individual: capacetes e protetores bucais - SIM, crianças podem usar protetores bucais - confeccionados pelo cirurgião-dentista de acordo com o esporte praticado, sempre avaliando e realizando trocas de protetores conforme as modificações da arcada dentária.

Também é necessário mobilizar a população, principalmente aquela envolvida com crianças em fase escolar, em ambientes esportivos, sobre o atendimento imediato aos traumatismos. Por isso, são necessários esclarecimentos à população leiga, por meio de aulas e conferências, a fim de esclarecer a opinião pública e, assim, melhorar o prognóstico dos traumatismos.

 

Referencias

  • Sá, M,A,B. et al. Traumatismo dentário em crianças. EFDeportes.com, Revista Digital. Buenos Aires, Año 17, Nº 171, Agosto de 2012.

  • TRAEBERT, J. et al. An etiology and rates of treatment of traumatic dental injuries among 12-year-old school children in a town in southern Brazil. Dental Traumatology, v. 22, p. 173 – 180. 2006.

  • SORIANO, E.P; CALDAS, J.R.A; GO´ES, P. S. A. Risk factors related to traumatic dental injuries in Brazilian schoolchildren. Dental traumatology, v. 20 p. 246-50, 2004

  • WANDERLEY, M, T. Casuística do atendimento no centro de pesquisa de traumatismo na dentição decídua da disciplina de odontopediatria da FOUSP. 1999. 67 f. Dissertação (Mestrado em Odontopediatria) – Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, São Paulo.


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