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  • Foto do escritorClara Padilha

Infográfico comentado*: Nutrição e Saúde Bucal no Esporte

Baseado na própria experiência, em muito estudo e, principalmente, no artigo de Julie Gallagher, Paul Ashley, Aviva Petrie e Ian Needleman: Oral health and performance impacts in elite and professional athletes, o Dr Alan Rankin, da Northern Ireland Sports Medicine Institute criou esse infográfico que hoje vamos comentar!

O infográfico inicia relatando os fatores responsáveis por aumentar o risco de atletas apresentarem pobre saúde bucal:

- Diminuição da produção de saliva durante o exercício;

- Aumento da ingestão do carboidrato

- Desidratação, o que é normal durante o exercício;

- Aumento do fluxo do ar pela boca (respiração bucal), o que também é considerado normal durante o exercício;

- Supressão imunológica que acontece quando a carga de treino é muito alta e os períodos de descanso não são suficientes, além de outros fatores estressores que contribuem para esta supressão.


Sabemos que estes fatores juntos criam um cenário bem desfavorável para o atleta manter sua boca saudável (e consequentemente seu corpo todo), o que aumenta ainda mais a necessidade e a importância de se manter um controle com o cirurgião-dentista do esporte.


O infográfico relata alguns números interessantes que nos permitem discutir possíveis associações não muito favoráveis para nossos pacientes atletas. Dos 352 atletas que foram investigados nesse artigo, 34,6% relataram dificuldade para comer, o que é bastante significativo e grave, pois sabemos que para atletas a capacidade mastigatória é importante, levando a deficiências nutricionais e energéticas caso não estejam em uma relação harmônica. Quase 30% relata também algum tipo de dor orofacial, que sabemos ser um dos principais motivos para a queda de rendimento pois compromete inclusive a concentração do atleta.


Como foram investigadas 11 modalidades, os dados permitem certa comparação entre elas. E um destes dados chama atenção: As chances de erosão foram 2,0 vezes maiores no esporte em equipe do que no esporte de resistência (IC95% 1,3‐3,1). Particularmente, acho isso super interessante e já estou esperando as próximas pesquisas que estão surgindo para ajudar a elucidar melhor os fatores de risco intrínsecos e extrínsecos relacionados à erosão/corrosão em atletas que nos esclareçam essa relação entre a lesão e a modalidade praticada.

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Mas aí surge a melhor parte deste infográfico, aquela que você pode baixar aqui do artigo, imprimir, e colocar num quadro pra deixar no seu consultório hahaha ;)



Que são as 7 chaves para ação! vamos a elas:


1) Aprimorar a nossa forma de aplicar no ambiente esportivo o que as pesquisas descobrem. Algo que a nossa equipe tem sempre em mente, pois nada pior que pesquisas que se limitam ao âmbito das universidades e que não se aplicam na realidade.


2) Estabelecer um padrão de 2 consultas ao CD do esporte, por ano ( no mínimo, pois isso vai depender da classificação de risco do seu paciente)


3) Evitar suplementos sem consciência: Muitos atletas suplementam a alimentação sem muito critério, e com a ajuda de nutricionistas esportivos podemos inclusive encontrar alternativas para esta suplementação que contenham menor quantidade de açúcar.


4) Modificar o ambiente bucal: Talvez a recomendação que o CD do esporte tenha mais autonomia! Usar pasta de dentes fluoretada e, com ela, escovar os dentes no mínimo 2 vezes ao dia, cuspir o conteúdo mas não necessariamente bochechar.


5) Otimizar a higiene bucal: Além da escovação diária, a recomendação é de visitar o CD para atualização e personalização dessa higiene, utilizar escovas interdentais e fio dental e monitorar o aparecimento de tártaro ou manchamentos.


6) Dar mais atenção a possíveis desordens alimentares para diagnóstico precoce.

7) Aplicar estratégias simples de mitigação dos riscos associados à prática esportiva, como apresentar alternativas nas escolhas nutricionais dos atletas que apresentem menor quantidade de açúcar e pH mais alto (ou que pelo menos contenham minerais em sua composição que equilibrem esse pH mais baixo).


Legal, né?


Este estudo da Julie Gallagher, é conhecido por ser o primeiro grande estudo representativo de amostra de saúde bucal em atletas de diferentes esportes em nível de elite. Já discutimos ele algumas vezes por aqui, inclusive. Ele conclui que embora a experiência da doença bucal seja diferente por esporte, a prevalência dessas lesões em atletas profissionais e de elite do Reino Unido é substancial, com impactos comuns no desempenho relatados por si. Esses dados coletados por lá são compatíveis com dados coletados ao redor do mundo e no Brasil também. A triagem regular e o uso de estratégias eficazes de promoção da saúde bucal podem minimizar os impactos no desempenho da saúde bucal precária. Por essa razão, essas sete chaves recomendadas aqui podem e devem ser seguidas pelos dentistas do esporte, pelo bem dos nossos pacientes atletas.


Segue o infográfico completo para você baixar:



Feliz Natal!

Beijos, Clara

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