top of page
  • Foto do escritorHelena Fronza

O que se sabe sobre o esporte paralímpico e a Odontologia do esporte?

- O Brasil, nas últimas três olimpíadas, classificou-se em 17º, 17º e 19º lugar.


- O Brasil, nas últimas três paralimpíadas, classificou-se em 9º, 7º e 8º lugar.


- Nos últimos 4 campeonatos do Parapan, o Brasil foi o maior medalhista.


- No quadro acumulado de medalhas dos jogos Panamericanos, o Brasil ocupa o 4º lugar. No Parapan, o Brasil ocupa o 1º.



A verdade é que nosso país conta com seu maior prestígio no paradesporto. E, infelizmente, essa é uma lacuna da formação dos dentistas do esporte. É uma área com uma imensa demanda, com atletas de ponta, que estão desassistidos (digo isso pois quase não existem pesquisas em Odontologia sobre o tema) e precisam ser incluídos.


Para contextualizar, os esportes paraolímpicos são divididos, basicamente, em dez categorias, que se baseiam no tipo de deficiência que o atleta apresenta. Estas são as deficiências visuais, intelectuais e físicas (sendo esta, dividida em 8).


Um estudo já foi conduzido com os atletas participantes do Parapan do Rio de Janeiro. Contou com o levantamento de traumatismos orais, em que as lesões traumáticas se apresentaram em 47,5% da amostra. Mesmo que nem todos os traumatismos reportados nesse artigo sejam inerentes à prática, o dentista do esporte possui embasamento para acompanhar o atleta traumatizado. Além disso, esse dado demonstra ainda mais a necessidade de um CD que acompanhe este perfil de paciente, que possui fatores de risco para o trauma além da prática esportiva.


Vale ressaltar também que, dos 120 atletas da pesquisa, apenas 2 já usaram protetores bucais (que eram do tipo "ferve e morde").


Porém, no paradesporto, o uso dos dispositivos de proteção é mais aceito pelos atletas em relação ao esporte sem deficiências.


Assim, é enaltecida a falta de educação em saúde e inclusão do profissional da Odontologia para este público. No caso dos protetores bucais, tem-se uma inserção do serviço melhor aceita e o PB com qualidade que o cirurgião-dentista oferece.


Neste tópico, não há levantamento das traumatologias da face ou dados em saúde bucal de paratletas. Porém, rapidamente, é possível elencar algumas particularidades do público que, somadas aos fatores de risco relacionados ao esporte transformam o papel do dentista imprescindível:

  • Higiene bucal: aqui, caberia um artigo inteiro. Lembremos dos casos de falta de membros, deficiências intelectuais, paralisias musculares, hipertonias e deficiências visuais. É dever do profissional da Odontologia aprender e transmitir manejos de abertura de boca, de coordenação, de adaptação dos utensílios de higiene e de educação do paciente/família;

  • Instrução de membros da família ou da equipe de deficientes visuais e/ou intelectuais com a finalidade de ajudar: na detecção de anormalidades orais e no armazenamento e cuidado dos protetores bucais;

  • Possível uso crônico de psicotrópicos, anticonvulsivantes e outros medicamentos. Conhecer sempre o perfil de consumo, manejar as possíveis manifestações orais e as interações medicamentosas;

  • Explicação de estímulos sensoriais inerentes ao atendimento aos pacientes com acuidade visual comprometida: moldagem, protetor bucal, instrumentos odontológicos, entre outros;

  • Respiração bucal, tônus muscular da região cervical e perioral, maloclusões, alterações na salivação, agenesias...


Existe uma gama muito abrangente de particularidades. Porém, não há qualquer evidência epidemiológica de doenças bucais de atletas paralímpicos em relação a atletas sem deficiências ou ao deficiente sedentário. Por isso, cada paciente necessitará, mais do que nunca, um plano terapêutico singular, um ambiente adaptado para o atendimento e muita pesquisa.


Fica clara a incipiência da especialidade com essa categoria e a responsabilidade que a Odontologia do esporte tem de atender (com a mesma excelência de trabalho) os atletas que temos em nosso país.


 

Castro, Shamyr Sulyvan et al. Uso de medicamentos por pessoas com deficiências em áreas do estado de São Paulo. Rev. Saúde Pública [online]. 2010, vol.44, n.4 [citado  2020-06-14], pp.601-610. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102010000400003&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 0034-8910.  https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000400003.


Holan, G., Peretz, B., Efrat, J. and Shapira, Y. (2005), Traumatic injuries to the teeth in young individuals with cerebral palsy. Dental Traumatology, 21: 65-69. doi:10.1111/j.1600-9657.2004.00274.x


Andrade RA, Evans PL, Almeida AL, da Silva Jde J, Guedes AM, Guedes FR et al. Prevalence of oral trauma in Pan American games athletes. Dent Traumatol 2010;26:248–53.


Andrade, R.A., Modesto, A., Evans, P.L.S., Almeida, A.L.S., de Jesus Rodrigues da Silva, J., Guedes, A.M.L., Guedes, F.R., Ranalli, D.N. and Tinoco, E.M.B. (2013), Prevalence of oral trauma in P ara‐P an A merican G ames athletes. Dent Traumatol, 29: 280-284. doi:10.1111/j.1600-9657.2012.01174.x

218 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page