Autora: Juliana Órsia - @juliana.orsia
Ao longo dessas três semanas um turbilhão de notícias sobre a pandemia da COVID-19 veio preocupando e influenciando a maneira como o atleta enxerga a sua saúde e o seu habitat de competições.
Essa afirmação, faço a partir do recebimento contínuo de queixas de pacientes atletas que pausaram obrigatoriamente sua rotina de treinos, dieta, preparação física, estratégias e estão experimentando as consequências fisiológicas e psicológicas do resguardo da quarentena.
Uma vez que (de acordo com cada regional) os conselhos de odontologia foram pausando atendimentos clínicos e aconselhando protocolos de biossegurança mais rigorosos, o atleta também se afastou dos consultórios, e por isso, reforçar o diálogo entre dentista do esporte e paciente atleta é muito importante para manter o elo entre a odontologia e o esporte.
O máximo de atenção por parte do cirurgião-dentista se faz essencialmente necessário nesta hora.
O cenário pede cautela, atualização de dados e principalmente, análise comportamental dos atletas para que a fase seja proveitosa no sentido preparatório – quando o atleta puder retornar ao atendimento clínico, precisamos estar preparados e adequados às sequelas que a mudança brusca de rotina irá causar.
Aqui vai um breve histórico (em ordem cronológica) sobre o aparecimento mais comum de queixas/dúvidas recebidas:
DÚVIDAS SOBRE PROTETOR BUCAL COMO VETOR DE DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS
Quando as academias estavam por fechar, uma onda de pavor fez reacender os cuidados de higiene com o protetor bucal esportivo. De uma hora para a outra surgiram dúvidas sobre contaminação do protetor bucal pela saliva, como limpar, que produto usar para desinfecção.
Fica aí meu alerta para a insistência nas recomendações básicas de cuidados que sempre fizemos, pois a higienização correta do protetor bucal, modo de armazenagem e não compartilhamento são atitudes que, em tese, deveriam ser abordadas com ênfase na entrega do protetor bucal, e por si só, evitam disseminação de qualquer doença infectocontagiosa.
2. DEPRECIAÇÃO DA ROTINA DE CUIDADOS E DA SAÚDE PSICOLÓGICA DO ATLETA
Assim que os protetores bucais foram guardados, começaram a surgir queixas de preocupação com a própria saúde mental dos atletas - algumas adaptações tornaram possível a execução de alguns treinos em domicílio, mas a carga e volume de treino diminuiu abruptamente para a maioria dos atletas profissionais freando toda ânsia que o atleta sempre mantém pelos seus objetivos.
Junto disso uma considerável parcela de estratégias de preparação física foram interrompidas, levando assim à perda do valor dos cuidados bucais.
Pode parecer absurdo, mas um protocolo de higienização bucal, faz parte das principais estratégias de saúde e performance do atleta. Uma completa readaptação à nova rotina deve ser de interesse da nossa parte e se possível, adaptação das orientações de higiene bucal também. Um atleta que recebe bom suporte dos profissionais de saúde, sabe o que fazer para manter o máximo dos seus ganhos até ali.
3. EXPERIÊNCIA REAL DE QUEDA NA PERFORMANCE
O atleta provavelmente está vivenciando o período de mais sinais sensoriais de queda na performance, diminuição de massa magra, aumento de gordura... Isso confere sério grau de preocupação principalmente num ano que seria olímpico.
Mesmo sem previsões de quando o cenário retorna o seu fluxo normal, precisamos ter agilidade nos cálculos dos prejuízos fisiológicos para poder oferecer o melhor da Odontologia do esporte quando as atividades retornarem.
Continuemos atentos e presentes.
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