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  • Helena Fronza

Protetores bucais: como otimizar a multilaminação com a técnica à vácuo?

A porta de entrada (e o serviço mais conhecido) do dentista do esporte é a confecção de protetores bucais esportivos customizados ao atleta.


Os protetores customizados podem ser feitos por duas técnicas: à vácuo ou à pressão.


Dada a fácil manipulação, custo menor e disponibilidade de materiais e equipamentos, a técnica à vácuo é mais acessível e, portanto, mais facilmente empregada. Além disso, é possível fazer protetores bucais satisfatórios e eficientes com esta técnica. Porém, esta requer uma série de cuidados e manobras para que se consigam bons resultados, já que os problemas de selamento entre as camadas, espessura e adaptação em boca são desafios maiores com plastificadoras à vácuo.



Falaremos aqui de apenas ALGUNS detalhes que podemos nos atentar na hora de confeccionar os dispositivos, para obtermos melhores resultados:


- Comece conhecendo o material que você trabalha: eleja materiais de boa qualidade, pois, mesmo que com o custo mais elevado, a facilidade na manipulação, no corte e no acabamento fazem a diferença no resultado. Vale a pena ressaltar que as cores de placas também alteram a sua qualidade. Não que você deva escolher uma em detrimento a outra, mas a injeção de pigmentos na matéria-prima altera a sua dureza na escala Shore A, sua estabilidade dimensional e sua temperatura de deformação. Assim, você perceberá que estas placas se comportam de maneiras diferentes frente à plastificação.


- Recorte do modelo: Com a técnica à vácuo, precisamos otimizar a função da máquina e permitir a sucção da maior área da placa possível que não fizer parte do desenho do protetor bucal. Assim, recorte o modelo deve ser feito de modo que não possua retenções horizontais. A falta de sucção que os degraus promovem pode comprometer a adaptação das margens do protetor.


Veja nas imagens abaixo:


- Limpeza das placas: Toda a vez que tocamos nas placas, deixamos resíduos de sujeira, de gordura e de pó sobre estas, o que pode comprometer a adesão entre elas se não forem devidamente limpas antes de sua plastificação.



- Posicionamento do modelo na plastificadora: o ideal é que o modelo seja posicionado no meio da plataforma da máquina para minimizar as diferenças de espessura dentro da área do protetor. Isso porque a deformação da placa acontece de forma concêntrica, e sua expansão é mais uniforme próximo ao centro.


- Temperatura de deformação: Sabe-se que um dos fatores mais importantes para a força de adesão entre as placas é a temperatura utilizada para sua deformação. Diversos trabalhos existem na literatura que tentam elucidar qual a melhor forma de trabalhar frente a este quesito. Cabe ressaltar que não há um consenso entre qual a melhor forma para que esta etapa seja realizada. O quesito temperatura já foi discutido na literatura a partir da altura da bolha que se forma, temperatura em que a máquina opera e até a temperatura da face superior ou inferior da placa. Isto considerando várias marcas comerciais, cores e diferentes matérias-primas.


O que se sabe é que o subaquecimento da placa resulta em pouca plasticidade e, desse modo, a retenção do protetor e adesão entre as placas são prejudicadas. Por outro lado, o superaquecimento altera as propriedades da placa, deteriora e reduz excessivamente sua espessura. Torna-se necessário, novamente, o domínio com o material que se trabalha, ou seguir as instruções que a marca oferece.


- Resfriamento: Atente-se para o resfriamento da placa. Toda vez que ela é manipulada ainda quente ou morna, pode comprometer a sua adaptação ao modelo, pois ainda tem certa plasticidade. Por exemplo, as placas da marca Erkodent solicitam aproximadamente 10 minutos de resfriamento após a sua plastificação sobre o modelo.


- Acabamento: A fase de recorte e acabamento é muito importante. O uso de tesouras curvas e afiadas diminuem o movimento de separação das placas durante o corte. Utilizar as escovas de acabamento no sentido ocluso-cervical reduz a tensão sobre a interface das placas. E também, o uso de chama intermitente depois do acabamento deve ser usado para devolver o selamento e brilho às camadas.


Por fim, é importante mencionar que os protocolos de confecção de protetores são diferentes entre operadores e, portanto, cabe ao profissional pesquisar e se adequar às técnicas que lhe são convenientes. Dessa maneira, salienta-se a importância do estudo, do conhecimento e da prática para a confecção de bons protetores bucais.


Porém, tão importante quanto a parte laboratorial é parte clínica: a entrega do protetor, as orientações e complacência do paciente com os cuidados com o dispositivo. O sucesso da instalação e da longevidade do protetor bucal dependem essencialmente da relação atleta e dentista.



 

Referências:


Takahashi M, Koide K, Mizuhashi F. Influence of color difference of mouthguard sheet on thickness after forming. J Prosthodont Res. 2012;56(3):194–203. doi:10.1016/j.jpor.2011.11.002


Takahashi, M., Koide, K., Satoh, Y. and Iwasaki, S.‐i. (2016), Shape change in mouthguard sheets during thermoforming. Dent Traumatol, 32: 379-384. doi:10.1111/edt.12261


Mizuhashi, F., Koide, K. and Takahashi, M. (2014), Thickness and fit of mouthguards according to heating methods. Dent Traumatol, 30: 60-64. doi:10.1111/edt.12046


Mizuhashi R, Ogura I, Sugawara Y, et al. Forming temperature of ethylene vinyl acetate sheets for fabrication of vacuum formed mouthguards [published online ahead of print, 2020 Feb 7]. Dent Traumatol. 2020;10.1111/edt.12549. doi:10.1111/edt.12549

Takahashi, M, Bando, Y. Thermoforming technique for suppressing reduction in mouthguard thickness: Part 2 Effect of model height and model moving distance. Dent Traumatol. 2020; 00: 1– 8. https://doi.org/10.1111/edt.12554

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