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  • Clara Padilha

*Artigo comentado: Oral health and performance impacts in elite and professional athletes


Para ler o artigo original, clique AQUI

Este artigo é fresquinho, de 2018, faz parte das produções do Centre for Oral Health and Performance da University College London.

Embora o artigo tenha objetivos claramente quantitativos: Identificar cárie dentária, desgaste dentário erosivo, saúde periodontal, problemas de saúde bucal autorreferidos a pesquisa também busca relacionar esses achados com os impactos no desempenho físico, e para isso usou auto relato de uma amostra representativa de atletas de elite do Reino Unido de diferentes modalidades esportivas usando condições padronizadas.

É uma das primeiras vezes na literatura que percebemos esta tentativa de relacionar os achados bucais com o desempenho físico. Muito se fala sobre isso, mas poucos autores buscam de fato relacioná-los por meio de instrumentos validados de pesquisa. Talvez pela multifatorialidade do desempenho físico e também pelas múltiplas etiologias de injúrias bucais. Mas este artigo foi um ótimo ponto de partida, saindo de um centro de referência da área que sempre se preocupou com o elevado índice de evidência científica apresentado na Odontologia do Esporte.

Foram avaliados e entrevistados 352 atletas de 11 modalidades, 67% homens (256 atletas em programas de potencial / colocação de pódio para os Jogos Olímpicos Rio 2016 e 96 atletas profissionais).

E os dados encontrados corroboram com o restante da literatura que percebe que atletas são uma população de risco para várias injúrias orofaciais. Cárie foi encontrada em metade da amostra (49,1%), sangramento gengival na sondagem em 41,4%, presença de cálculo em 77% e profundidade de sondagem de pelo menos 4mm em 21,6%.

1 a cada 5 atletas relatou problemas prévios nos dentes.

Segundo os dados aqui encontrados, atletas de esportes coletivos tem mais chance de ter cáries e erosão do que atletas de esportes de resistência.

Destes atletas, 32% relataram impacto da saúde bucal (ou a falta dela) no desempenho esportivo, através da:

- dor (29,9%)

- dificuldade para participar de treinamento e competição normais (9%)

- desempenho afetado (5,8%)

- redução no volume de treinamento (3,8%)

- dificuldade para comer (34,6%)

- relaxar (15,1%) e

- sorrir (17,2%).

Este estudo tem vários pontos fortes: Este é atualmente o estudo mais metodologicamente robusto que avaliou a saúde bucal e os impactos do desempenho auto-relatado associados em atletas de elite em diferentes esportes e é também um dos maiores estudos de saúde bucal no esporte com esta amostra de 352 atletas recrutados.

Não foi utilizada uma população de controle para o estudo, mas pode-se fazer uma comparação acurada com um grupo etário semelhante ao mais recente levantamento nacional de saúde bucal na Inglaterra e no País de Gales (ADHS 2009). Neste levantamento foi identificado 36% de lesões de cárie na população de 25 a 34 anos por exemplo, que pode ser comparado com a mesma faixa etária no atletas desta pesquisa, onde o valor encontrado foi de 49,9%.

Os autores finalizam o artigo concluindo que as doenças orais e os impactos negativos associados ao desempenho são comuns nos atletas de elite e profissionais do Reino Unido e que a triagem regular e o uso de estratégias efetivas de promoção da saúde bucal podem minimizar os impactos de saúde bucal deficiente. Uma conclusão que pode ser facilmente transportada para os atletas brasileiros não é?

O que você acha? Vamos estudar mais a saúde bucal de nossos pacientes atletas? Talvez seja interessante também incluir em nossas fichas clínicas estes questionários sobre impacto no desempenho. Muitos insights podem surgir deste processo.

Grande abraço e bons estudos!

Clara Padilha

 

Gallagher J, Ashley P, Petrie A, Needleman I. Oral health and performance impacts in elite and professional athletes. Community Dent Oral Epidemiol. 2018;46:563 – 568. https://doi.org/10.1111/cdoe.12392568

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