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  • Foto do escritorClara Padilha

*Art. comentado: Bull Horn Injury Causing Traumatic Tooth Intrusion - Ultrasound and CT Imaging


Vamos ao artigo comentado dessa semana, que é super prático pois é um relato de caso super interessante com um título auto explicativo.


Acesse o link para baixar o artigo na íntegra e veja as imagens associada ao evento traumático.



O caso envolve uma criança de 6 anos, africana, que brincava na grama e foi atingida pelo chifre de um touro. Segundo os pais o evento havia acontecido 4-5 horas antes do atendimento e ambos, inteligentemente, buscaram estancar o sangramento da região.


Embora a criança tenha caído no chão, não apresentou sinais de inconsciência, mas sim de vômito, 1 hora antes de chegar no hospital. No momento do atendimento ele estava responsivo, cooperativo porém, é claro, com muita dor.


É importante aqui salientar que crianças não costumam apresentar um relato de dor que contribua significativamente para o nosso atendimento, no sentido de caracterizar a dor em número (de 0 a 10), ou localização (tudo dói) ou tipo de dor (latejante, inconstante, vem e vai...).


A avaliação física reportou uma contusão no queixo, uma laceração no lábio inferior (lábio superior ok) e incisivos centrais superiores ausentes (na visualização clínica) que, segundo os pais, não foi encontrado na região do trauma.


Pequenas lacerações gengivais estavam presentes, bem como sangramento ativo dos dois alvéolos dos ICS. Aparentemente, não havia alteração da oclusão da criança. Durante a palpação, os atendentes suspeitaram de uma fratura na região do palato também.


Sempre deixamos claro quando conversamos sobre atendimento pós-trauma a importância da etapa de exame clínico inicial e dentro desta, a palpação. Não podemos ficar com receio de palpar regiões traumatizadas, pois muitas vezes abaixo de uma contusão reside uma fratura. O conhecimento anatômico é então imprescindível para que possamos identificar qualquer alteração da normalidade.


Porém, isso fica muito mais difícil em uma criança, que pode não permitir a adequada palpação. O que foi o caso aqui. Os atendentes não conseguiram durante o exame, identificar a presença ou ausência dos incisivos faltantes.


A conduta farmacológica foi ministrar analgésicos intra-musculares, bem como antibióticos e uma vacina antitetânica.


Depois disso a laceração foi tratada com limpeza, debridamento, sutura e curativo.


A escolha por exame de imagem complementar foi pelo ultrassom, pois era o que estava disponível no momento, que também é uma boa opção pois não é invasiva e não tem risco de radiação.

Como havia o histórico de vômito foi pedido uma tomografia do crânio, mas nenhuma lesão à estrutura cerebral foi encontrada (o vômito também pode ser um sinal comum em crianças muito nervosas com o que está acontecendo). Neste exame uma intrusão de aproximadamente 7mm dos ICS decíduos foi identificada.


Embora o paciente tivesse 6 anos, as raízes ainda se apresentavam bem desenvolvidas, e se deslocaram para a palatal, atingindo os germes dos dentes permanentes, que não estavam sendo bem visualizados pois estavam encobertos pelos dentes decíduos intruídos.


A fratura palatina também foi confirmada nos exames de imagem. E uma abordagem conservadora (não cirúrgica) de tratamento foi a escolhida.


A conduta aqui é a extração dos dentes intrusionados, pois a extensão da intrusão foi severa e existia o risco de comprometimento dos ICS permanentes.


É muito raro encontrar na literatura científica um relato de traumatismo que envolva animais, mas é interessante perceber que, independente da etiologia, a conduta de tratamento é a mesma, seguindo as normas da IADT.


 


Clara Padilha



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