Olá, pessoal!
Conforme solicitado, aqui está o artigo na íntegra para ser baixado em pdf para estudarmos juntos.
Disponibilizo aqui o artigo inteiro pois a revista tem acesso aberto:
"At Faculty of Kinesiology we recognize that access to quality research is vital to the scientific community and beyond. Kinesiology is non-profit journal and all costs of publishing and peer review process are covered by the publisher itself or other funding sources like Ministry of Science and Education of the Republic of Croatia. Full text papers are also available free of charge at http://hrcak.srce.hr/kineziologija. There are no restrictions on self archiving of any form of paper (preprint, postprint and publisher's version). Articles are distributed under the terms of the CC BY - NC 4.0".
O que sabemos?
Sabemos que protetores bucais feitos sob medida são usados para evitar lesões orofaciais decorrentes de quedas e pancadas. A literatura já demonstrou que protetores bucais com espessura adequada e feitos sob medida transmitem menos força aos tecidos bucais devido à sua maior capacidade de absorção de energia.
No entanto, acredita-se que protetores bucais mais espessos e personalizados possam alterar a ventilação durante o exercício devido à maior resistência ou restrição do fluxo de ar oral.
Portanto, o objetivo deste estudo foi investigar se um protetor bucal personalizado mais espesso (espessura oclusal de 5 mm; 5MG) alteraria os parâmetros ventilatórios, a taxa de esforço percebido e a velocidade de pico durante um teste incremental em relação a um protetor bucal personalizado mais "fino", menos espesso (espessura oclusal de 3 mm; 3MG) e também, para comparação, o teste foi realizado sem protetor bucal (NoMG).
Utilizamos na época espessuras de 3mm e 5mm (exagero, né?!) justamente pra levar o protetor bucal ao limite e verificar até onde poderíamos ir sem atrapalhar o rendimento do atleta.
Onze jogadores amadores de esportes de equipe de contato masculino completaram três testes incrementais em dias diferentes, com cada teste realizado com 3MG, 5MG e sem protetor bucal. A velocidade de pico durante o teste incremental foi semelhante entre as diferentes condições (14,9 ± 0,6, 14,9 ± 0,7 e 14,7 ± 0,9 km.h-1 para NoMG, 3MG e 5MG, respectivamente). Além disso, não foram encontradas diferenças nos picos de captação pulmonar de oxigênio, ventilação e frequência respiratória, bem como no segundo limiar ventilatório. A taxa de esforço percebido foi maior ao usar o 5MG do que ao correr sem um protetor bucal apenas nos 12,5 km.h-1 (P = 0,03).
Nosso método e conclusões estão aí para sua avaliação e comentários.
Os dados indicaram que o uso de protetores bucais personalizados com espessuras oclusais entre 3 e 5 mm não altera os parâmetros ventilatórios no final de um teste incremental. Assim, poderíamos pensar que protetores bucais feitos sob medida com espessura oclusal de 5 mm devem ser preferidos devido à sua maior capacidade de proteção (mais espessura para dissipar e absorver o impacto), porém...
Sempre uso evidências científicas, a opinião do paciente e a minha experiência clínica e laboratorial pra tomar as minhas decisões sobre espessura de protetores bucais, portanto, hoje continuo confeccionando protetores com espessura oclusal que não ultrapasse 3mm, pois, além da segurança em saber que não estou atrapalhando a respiração e fala do atleta (já que eu poderia avançar essa espessura caso assim avaliasse como mais adequado) sei que isso trará mais conforto e aceitação por parte do atleta, afinal, para tomar uma decisão clínica, precisamos levar em consideração a escolha do paciente também.
Enfim, espero que o artigo auxilie no estudo de vocês, fico feliz em perceber o esforço conjunto de profissionais interessados em usar ciência e métodos de qualidade para embasar a conduta clínica e laboratorial.
Grande abraço a todos!
Clara