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  • Clara Padilha

*Artigo comentado: The use of mouthguards and prevalence of dento-alveolar trauma among athletes - r


Existe realmente evidências científicas que nos informam que protetores bucais esportivos ajudam a prevenir traumatismos ooou ainda não temos certeza?

Acompanhe com o artigo original clicando aqui: ARTIGO ORIGINAL, FERNANDES, L., 2018

Paciente da Clínica de Odontologia do Esporte UniAvan. Foto: Prof. Arthur Crispim

Uma revisão sistemática reúne estudos relevantes sobre uma questão formulada, utilizando o banco de dados da literatura que trata sobre aquela questão como fonte e métodos de identificação, seleção e analises sistemáticos, com intuito de se realizar uma revisão critica e abrangente da literatura.

A sistematização na revisão tem como objetivo evitar o viés que pode ocorrer em uma revisão não sistemática. Incluindo os que podem ocorrer na forma da revisão e seleção dos artigos quanto aqueles detectados na avaliação crítica de cada estudo. Algumas revisões podem incluir meta-análise a fim de aumentar o poder estatístico da pesquisa primária. Que é o caso do artigo que vamos estudar hoje.

Este artigo é de autores brasileiros, de João Pessoa, motivados pelo fato de que a evidência de que os protetores bucais evitam traumas dentais ainda é inconsistente. Neste artigo, eles focaram em encontrar as evidências existentes na literatura relacionadas aos esportes de contato (que para estes autores seriam quaisquer esportes que promovessem contato entre os adversários ou objetos, e que pudessem gerar traumatismo).

Um total de 256 artigos foram identificados. Após a aplicação dos critérios de elegibilidade, 14 estudos foram selecionados para síntese qualitativa, e 11 foram utilizados na síntese quantitativa.

Eles observaram que a prevalência de traumatismo dentário nos estudos incluídos variou bastante entre os atletas. Entre 7,1% e 71,5%.

A despeito desta grande variação, 10 estudos indicaram que a prevalência de trauma foi menor que 40%, dependendo do tipo de esporte praticado. Talvez outro fator relevante para essas altas prevalências é que o o uso de protetores bucais não é um hábito atual entre praticantes de esportes como futebol, basquete ou vôlei.

Como nós já sabemos, não basta apenas informar que usou o protetor bucal, mas também o TIPO de protetor bucal, afinal, sabemos que existe grande diferença em eficácia entre um protetor personalizado e um ferve e morde. Neste estudo, 8 dos artigos selecionados informavam os tipos de protetores utilizados, mas NENHUM se preocupou em relacionar o traumatismo com este ou aquele tipo de protetor bucal. (Fica aí a ideia para uma futura pesquisa?)

Em ambas as meta-análises conduzidas, foi possível observar que atletas que usam protetor bucal são 82% (1ª meta-análise) e 93% (2ª meta-análise) menos propensos a sofrer lesões em comparação com atletas que não usam protetor bucal.

Uma revisão sistemática também serve para entender os erros passados e evitá-los no futuro. Portanto, a partir da leitura dessa revisão podemos perceber que estudos futuros devem diminuir a heterogeneidade em relação às modalidades esportivas estudadas em um mesmo artigo e também dentro da amostra. É necessário um alto controle de viés e um tamanho de amostra representativo para confirmar ainda mais o efeito dos protetores bucais sobre o traumatismo.

Os autores concluíram que Protetores bucais contribuem para menor prevalência de trauma dento-alveolar em atletas de esportes de contato.

E, portanto, baseados em evidências científicas, podemos seguramente afirmar isso para nossos pacientes atletas ;)

Resta ainda o espaço para discussão em relação ao material que é utilizado na confecção destes protetores, a espessura preconizada para cada modalidade e para cada região do protetor bucal e suas diferentes capacidades amortecedoras. Enfim, além da revisão sistemática o mundo da Odontologia do Esporte oferece inúmeros temas para debate e vamos evoluir nesse aspecto também. Contamos com a sua ajuda!

beijos,

Clara Padilha


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